SOBRE O PROJETO:

Trata-se de um projeto em que várias plataformas se juntam para a construção de material áudio-visual, plástico e textual, que se integrarão dentro de um blog na internet, com acesso aberto. O material audiovisual – curtas que se entrelaçam montando um quebra-cabeças de episódios – também está destinado a festivais, mostras e outros meios . (Leia mais em "Proposta-Base")

Obra Aberta: Todos são convidados a enviarem textos, idéias, referencias, fotografias, vídeos, que possam compor o material final.

Para leerlo en castellano: http://proyectoviajeros.blogspot.com

POSTAGENS:
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sábado, 31 de outubro de 2009

SININHOS

"Dean sentou-se no chão com uma caixinha de música e ouviu com enorme surpresa a pequena canção que ela reproduzia, A Fine Romance. - 'Ah, esses sininhos cintilantes! Ouçam! Vamos todos ajoelhar e olhar no centro dessa caixinha de música até aprendermos o seu segredo - sininhos cintilantes, oooh.'. Ed Dunkel também estava sentado no chão, com as minhas baquetas de bateria nas mãos; subitamente começou a marcar o ritmo, acompanhando a música que saía da caixinha e que mal conseguíamos ouvir. Todos prenderam a respiração para escutar. 'Tic...tac... tic-tic... tac-tac.' Dean botou a mão em concha no ouvido, boquiaberto; ele disse: 'Ah! Uau!'.

Carlo observava esta tolice com olhos incisivos. Finalmente deu um tapa no joelho e disse: 'Tenho algo a declarar'.

'Sim? Sim?'

'O que significa essa viagem a Nova Yorque? Em que espécie de negócio sujo estais metido agora? Quer dizer, cara: onde pansais que ides neste carro reluzente pela noite da América?'

'Onde pensais que ides?', repetiu Dean, de boca aberta. Sentamos sem saber o que dizer; já não havia mais nada a ser dito. A única coisa a fazer era se mandar."



Trecho de "On The Road", de Jack Kerouac.



segunda-feira, 21 de setembro de 2009

2a PARTE: FRAGMENTO + STORYBOARD

O DEPUTADO se vira olhando ASTOR.




DEPUTADO
Si, ya supe. ¡Esta aventura acaba de terminar, Astor! ¡De terminar! La candidatura fue río abajo. ¿Y qué seré yo ahora? ¿Qué seré yo sin la lucha por mis ideales más antíguos, sin la fantasía de las creencias?

ASTOR
¡Todavía es tiempo para luchar! Si buscamos a la chica esa que provocó todo eso. Si la encontramos en cualquier rincón, la llevamos a un callejón y tratamos de mantenerla callada. O si al menos la buscamos y la ofrecemos algo, una recompensa...

DEPUTADO
¿Y cómo la encontraremos?

ASTOR
Yo conozco cada uno de sus pasos, señor diputado.


4. INT. CARRO – DIA



ASTOR dirige seu carro em círculos em volta da Plaza Italia. Ele grita pela janela.






Desenhos: Octávio Tavares.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

GERRY


"Gerry", de Gus Van Sant.

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

A LINHA

'Pára! Pára! Pára!
'Que foi?'
'Pára porra!'



'Eu acho que eu vi uma linha'


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terça-feira, 25 de agosto de 2009

As Cidades Invisíveis

-- Os outros embaixadores me advertem a respeito de carestias, concussões, conjuras; ou então me assinalam minas de turquesa novamente descobertas, preços vantajosos nas peles de marta, propostas de fornecimento de lâminas adamascadas. E você? -- o Grande Khan perguntou a Polo:-- Retornou de países igualmente distantes e tudo que tem a dizer são os pensamentos que ocorren a quem toma a brisa noturna na porta de casa. Para que serve, então, viajar tanto?


-- É noite, estamos sentados nas escadarias do seu palácio, inspire um pouco de vento - respondeu Marco Polo. -- Qualquer país que as minhas palavras evoquem será visto de um observatório como o seu, ainda que no lugar do palácio real exista uma aldeia de palafitas e a brisa traga um odor de estuário lamacento.

-- O meu olhar é de quem está absorto e medita, admito. Mas e o seu? Você atravessa arquipélagos, tundras, cadeias de montanhas. Seria melhor nem sair daqui.

O veneziano sabia que, quando Kublai discutia, era para seguir melhor o fio de sua argumentação; e que as suas respostas e objeções encontravam lugar num discurso que ocorria por conta própria na cabeça do Grande Khan. Ou seja, entre eles não havia diferença se questões e soluções eram enunciadas em alta voz ou se cada um dos dois continuava a meditar em silêncio. De fato, estavam mudos, os olhos entreabertos, acomodados em almofadas, balançando nas redes, fumando longos cachimbos de âmbar.

Marco Polo imaginava responder (ou Kublai imaginava a sua resposta) que, quanto mais se perdia em bairros desconhecidos de cidades distantes, melhor compreendia as outras cidades que havia atravessado para poder chegar lá, e reconstituía as etapas de suas viagens, e aprendia a conhecer o porto de onde havia zarpado, e os lugares familiares de sua juventude, e os arredores de casa, e uma pracinha de Veneza em que corria quando era criança. Neste ponto, Kublai Khan o interrompia ou imaginava interrompe-lo ou Marco Polo imaginava ser interrompido com uma pergunta como:-- Você avança com a cabeça voltada para trás? -- ou então: -- O que você vê está sempre às suas costas? -- ou melhor: -- A sua viagem só se dá no passado?Tudo isso para que Marco Polo pudesse explicar ou imaginar explicar ou ser imaginado explicando ou finalmente conseguir explicar a si mesmo que aquilo que ele procurava estava diante de si, e, mesmo que se tratasse do passado, era um passado que mudava à medida que ele prosseguia a sua viagem, porque o passado do viajante muda de acordo com o itinerário realizado, não o passado recente ao qual cada dia que passa acrescenta um dia, mas um passado mais remoto. Ao chegar a uma nova cidade, o viajante reencontra um passado que não lembrava existir: a surpresa daquilo que você deixou de ser ou deixou de possuir revela-se nos lugares estranhos, não nos conhecidos.Marco entra numa cidade; vê alguém numa praça que vive uma vida ou um instante que poderiam ser seus; ele podia estar no lugar daquele homem se tivesse parado no tempo tanto tempo atrás, ou então se tanto tempo atrás numa encruzilhada tivesse tomado uma estrada em vez de outra e depois de uma longa viagem se encontrasse no lugar daquele homem e naquela praça. Agora, desse passado real ou hipotético, ele está excluído; não pode parar; deve prosseguir até uma outra cidade em que outro passado aguarda por ele, ou algo que talvez fosse um um possível futuro e que agora é o presente de outra pessoa. Os futuros não realizados são apenas ramos do passado: ramos secos.

-- Você viaja para reviver o seu passado? -- era, a esta altura, a pergunta do Khan, que também podia ser formulada da seguinte maneira -- Você viaja para reencontrar o seu futuro?E a resposta de Marco:

-- Os outros lugares são espelhos em negativo. O viajante reconhece o pouco que é seu descobrindo o muito que não teve e o que não terá.






"As Cidades Invisíveis", Ítalo Calvino.


Enviada por Carolina Castanho

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

SOBRE OS DOIS AMIGOS VIAJANTES:


Fragmento de "On The Road", de Jack Kerouac.


Aí eles iniciaram a coisa deles. Sentaram sobre a cama com as pernas cruzadas e olharam firme um para o outro. Eu me joguei numa cadeira próxima e observei a cena inteira. Começaram com um pensamento abstrato, discutiram sobre ele; recordaram-se de alguma outra idéia abstrata que havia sido esquecida no decorrer dos acontecimentos; Dean se desculpou, mas prometeu que poderia relembrar a cena, até com gravuras, se preciso.

Carlo disse: "E justamente quando passávamos por Wazee, eu queria te dizer o que tinha achado a respeito do teu acesso de loucura por causa do autorama e nesse exato instante, lembra, você apontou para aquele velho vagabundo com as calças frouxas e disse que ele era igual ao seu pai?"

"Sim, sim, claro que me lembro; e não só isso, mas também que aquilo foi o começo de uma tremenda viagem minha, algo realmente louco, que eu precisava te contar, e havia esquecido, mas agora você acaba de me relembrar..." e duas novas questões tinham nascido. Eles as analisaram com atenção. Então Carlo perguntou se Dean estava sendo honesto, mais especificamente se ele estava sendo honesto consigo mesmo, no fundo da alma.

"Por que você levantou essa questão outra vez?"

"Este é o último detalhe que quero saber..."

"Mas você está escutando, caro Sal? Você que está sentado aí. Vamos perguntar ao Sal. Que será que ele tem a dizer?"

E eu disse: "Esse último detalhe é inatingível, Carlo. Ninguém jamais consegue atingir esse último detalhe. Mas continuamos vivendo na esperança de alcançá-lo de uma vez por todas".

"Não, não, não. Você está dizendo uma bobagem completa, idéias românticas e refinadas de Wolfe", contestou Carlo.

E Dean disse: "De qualquer forma foi isso que quis dizer. Mas vamos deixar Sal ter suas próprias idéias. E, na verdade, você não acha, Carlo, há uma certa dignidade na maneira com que ele está sentado ali, apenas nos curtindo, esse maluco cruzou o país inteiro - o velho Sal não quer falar, não vai dizer nada".

"Não é que eu não vá falar", protestei. "Simplesmente não sei o que vocês estão pretendendo e onde querem chegar. Só sei que isso é demais pra qualquer cabeça."

"Você só diz coisas pessimistas."

"Então o que vocês estão querendo fazer?"

"Diga pra ele."

"Não, diga você."

"Não há nada a ser dito", eu disse e ri. Estava com o chapéu de Carlo. Puxei-o sobre meus olhos. "Quero dormir", falei.

"Pobre Sal, sempre querendo dormir." Me mantive calado. Eles recomeçaram, "Quando você me pediu emprestado aquele troco pra completar a conta daquela galinha assada..."

"Não cara, foi pro chili. O Texas Star, lembra?"

"Eu estava confundindo com terça-feira. Quando você me pediu emprestado, aquele dinheiro, você disse, escute bem, você disse 'Carlo, esta é a última vez que me aproveitarei de você', como se quisesse insinuar que eu tinha concordado que já era hora de parar com esse abuso."

"Não, não, não, não quis dizer nada disso - agora escute aqui, meu caro amigo, vamos rememorar tudo, se é que você consegue, voltando até aquela noite em que Marylou estava chorando lá no quarto e quando, ao me virar pra você, revelando meu ar de sinceridade postiça, quer dizer, através desta representação, eu demonstrei que... mas peraí, não é nada disso."

"Claro que não é nada disso. Acontece que você esqueceu. Mas vou parar de te acusar. Sim é isso o que eu tenho a dizer..." E mais e mais a noite afora prosseguiram falando desse jeito. Na aurora, eu os espiei. Estavam tentando elucidar o último assunto da manhã.

[...]

terça-feira, 18 de agosto de 2009

CENA - 2a PARTE

. CAROLINA (OFF)
Sua voz, seus olhos, suas mãos, seus lábios. Nossos silêncios, nossas palavras. A luz que vai e a luz que volta. Você insiste em descrever, delimitar, dar um lugar, uma fronteira, mas qualquer coisa que eu sinta é diferente disso que você traduz. E eu... Nem sei... Não sou... Não sou o limite entre nós dois, meu amor fica no mesmo lugar que você incita tal fronteira. Longe, longe, você se retira, declara seu amor como quem declara propriedade. Perto, perto, meu amor se mistura, sem palavras. Estou inteira... Você está até os pontos, até as reticências do seu texto todo. Suas palavras secam, fica a carcaça. Não me dei nas suas frases de amor, na sua retórica. Você ama em um embate, uma luta. O coração tem uma só boca. Tudo lançado à sorte, palavras se pensar. Os sentimentos à deriva. Tanto faz se sou eu, Moreau ou Bardot. Tanto faz, no fim, quando você está só. Quando é cinema. Meu amor vaza pela rua, entra no esgoto, suja a sua bota. Não sabe nada, nem é. Meu amor está presente, evapora. Sem histórias, sem forma. Você se arrasta pela cidade, com uma caneta e mil discursos de amor. No fim da tarde, nenhum beijo. Você só ama a sua vaidade, a sua política, sua aventura. Seu amor é velho. Viciado. Seu amor é uma ilusão. Meu amor só é.

sábado, 8 de agosto de 2009

PARTE 2, CENA 1.

FADE IN


1. INT. CORREDORES DO CONGRESSO – DIA

Vemos ASTOR(50), um tipo barrigudo, andando apressado pelos corredores do congresso. Ele analisa um maço de papéis já um pouco amassados.

ASTOR (OFF)
Quem foi o culpado? Quem foi? Quem foi?! Ela não poderia
ter feito isso comigo. Aquela menina. Aquele. Depois de tudo
o que eu fiz! Depois de tantos anos. Como eu pude ser tão
ingênuo? Vaca. Depois de tudo... cafés, dança, livros... o jazz.



(........)

sábado, 1 de agosto de 2009

SOBRE A 2a PARTE:

CENAS RESSIGNIFICADAS:



"Terra em Transe", Glauber Rocha



"Alphaville", Jean-Luc Godard



"Acossado", Jean-Luc Godard

domingo, 26 de julho de 2009