SOBRE O PROJETO:

Trata-se de um projeto em que várias plataformas se juntam para a construção de material áudio-visual, plástico e textual, que se integrarão dentro de um blog na internet, com acesso aberto. O material audiovisual – curtas que se entrelaçam montando um quebra-cabeças de episódios – também está destinado a festivais, mostras e outros meios . (Leia mais em "Proposta-Base")

Obra Aberta: Todos são convidados a enviarem textos, idéias, referencias, fotografias, vídeos, que possam compor o material final.

Para leerlo en castellano: http://proyectoviajeros.blogspot.com

POSTAGENS:

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

FRONTEIRAS

"Estou dando aulas de literatura nas bibliotecas do interior de são paulo. hoje, entre os alunos, havia uma menina autista. não tinha percebido nada, foram as outras que me avisaram. nós já tínhamos conversado e ela me disse que tinha prestado vestibular para veterinária, não tinha passado e tinha ficado muito triste. precisava fazer quarenta e cinco pontos e tinha feito vinte e nove. depois que me avisaram de seu autismo, fiquei reparando num sorriso fixo em seu rosto, na voz que parecia artificial, como se ela fizesse força para falar. pedi que todos escrevessem uma crônica. quando chegou a vez dela, ela disse: vou falar sobre fronteiras. e começou: quero atravessar fronteiras, lutar com dragões, ultrapassr os caminhos, ir para onde ninguém foi. fiquei olhando. em que fronteira eu estou, estava, para dizer alguma coisa a ela? espantosamente, foi ela que me colocou do lado de lá de seu país de sorriso fixo e foi a minha fala que não soava mais de verdade."

Noemi Jaffe, em seu blog, "Quando nada está acontecendo".

http://nadaestaacontecendo.blogspot.com/

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

segunda-feira, 23 de novembro de 2009



"Prelude a l'pres-midi d'un faune", de Claude Debussy.

domingo, 22 de novembro de 2009

TERRA ESTRANGEIRA



Trecho de "Terra Estrangeira", de Walter Salles.

sábado, 7 de novembro de 2009






Trechos de "Macbeth", de Giuseppe Verdi.

"I'll Walk Alone", Charlie Parker.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

SOBRE O DEPUTADO

ATO III,Cena IV

Um salão do palácio
Mesa posta para banquete
Entram Macbeth, lady Macbeth, Ross, Lennox, nobres
e pessoas do séqüito.

MACBETH - Conheceis vossos postos; assentai-vos
E de uma vez por todas: sois bem-vindos de todo coração.

NOBRES - Agradecemos a Vossa Majestade.

MACBETH - Desejamos misturar-nos em vossa companhia, na qualidade de hóspede modesto
Nossa hospedeira fica no seu posto; mas no momento certo lhe daremos as boas-vindas.

LADY MACBETH - Dai-a em meu nome, caro marido, a todos os amigos; pois diz-me o coração que
são bem-vindos.
(O primeiro assassino aparece à porta.)

MACBETH - Vê, todos eles agradecimentos de coração te enviam
Os dois lados estão iguais;sentar-me-ei no centro
Ficai alegres; logo beberemos uma rodada.
(Aproxima-se da porta.)
Sangue tens no rosto.

ASSASSINO - Nesse caso, é de Banquo.

MACBETH - Antes por fora de ti que dentro dele
Liquidados?

ASSASSINO - A garganta, senhor, tem ele aberta
Fiz-lhe isso.

MACBETH - És o melhor dos cortadores de garganta
Porém será tão hábil quem tiver feito a Fleance a
mesma coisa.

ASSASSINO - Meu muito real senhor, Fleance escapou.

MACBETH - Volta-me, então, o acesso não fora isso, e eu estaria bom, firme qual rocha, inteiro como o mármore, tão largo, tão vasto e universal como o ar ambiente mas agora estou preso, barricado, metido num curral, atado ao poste do medo das angústias insolentes, mas Banquo está seguro?

ASSASSINO - Sim, milorde; no fundo de uma vala, tendo vinte feridas na cabeça, das quais uma
qualquer já fora mais que suficiente.

MACBETH - Obrigado por isso; A velha serpe já se encontra vencida; o vermezinho que conseguiu fugir tem natureza para mais tarde produzir veneno, mas carece de dentes por enquanto; Vai-te logo; amanhã conversaremos.
(Sai o assassino.)

LADY MACBETH - Meu real senhor, não animais os hóspedes; Fica estragada a festa, quando muitas e muitas vezes, enquanto ela dura, não afirmamos quanto nos é grata; Para comer, têm todos suas casas; o tempero melhor em casa alheia é sempre a cortesia, parecendo sem ela as reuniões lugar deserto.

MACBETH - Galante conselheira! Que à alegria da mesa a digestão venha associar-se à saúde das duas!

LENNOX - Vossa Alteza não quererá sentar-se?
(Entra o fantasma de Banquo e se senta no lugar de Macbeth.)

MACBETH - Nosso teto abrigaria agora as honras todas da nação, se a pessoa primorosa de Banquo aqui estivesse, a quem desejo antes ter de ralhar por faltazinha que lastimar qualquer desastre grave.

ROSS - Sua ausência, senhor, manchou a promessa por ele feita; Queira Vossa Graça distinguir-nos com vossa real presença.

MACBETH - A mesa está completa.

LENNOX - Aqui, milorde, há um lugar reservado.

MACBETH - Onde?

LENNOX - Aqui mesmo, meu bom senhor, que é que vos abala dessa maneira?

MACBETH - Qual de vós fez isso?

NOBRES - Fez quê, meu bom senhor?

MACBETH - Dizer não podes que fui eu que fiz isso; Não sacudas para mim teu cabelo ensangüentado.

ROSS - Levantai-vos, senhores; Sua Alteza está passando mal.

LADY MACBETH - Ficai, amigos; meu marido é assim mesmo desde criança; Sentai-vos, por obséquio; o acesso passa; Se atenção lhe prestardes, insistente, podereis ofendê-lo, contribuindo para agravar o mal. Comei, portanto, sem olhardes para ele- Não sois homem?

MACBETH - Sim, corajoso, que se atreveria a encarar o que espanta o próprio diabo.

LADY MACBETH - Que matéria admirável! É o produto do medo, apenas; é o punhal aéreo que - dissestes - a Duncan vos levara; Esse olhar espantado, esses tremores que o verdadeiro medo parodiam,
muito bem estariam numa história que uma mulher contasse ao pé do fogo com a aprovação da avó. Envergonhai-vos! Par que tantas caretas? Feita a conta, só olhais uma cadeira.

MACBETH - Vede ali, por favor! Olhai! Olhai! Que me dissestes? Ora, que me importa; Se sacudir consegues a cabeça, é que podes falar se as sepulturas e as carneiras os mortos nos reenviam que nelas enterramos, das entranhas dos abutres faremos nossos túmulos.
(O fantasma desaparece.)

LADY MACBETH - Quê! Desvirilizou-vos a loucura?

MACBETH - Tão certo como achar-me aqui, eu o vi.

LADY MACBETH - Fora, fora! Que opróbrio!

MACBETH - Derramado muito sangue já foi, nos velhos tempos, antes que a humana lei limpado houvesse o mundo dos pagãos, sim, e até mesmo depois têm sido perpetrados crimes terríveis de se
ouvirJá houve tempo em que, saltado o cérebro, morria de vez alguém e..tudo estava feito mas os mortos, agora, se levantam com vinte fatais golpes na cabeça e de nossas cadeiras nos empurram e mais estranho do que o próprio crime.

LADY MACBETH - Vossos nobres amigos, caro esposo, já sentem vossa a ausência.

MACBETH - É que o esquecera..Caros amigos, não fiqueis pasmados pois sofro há muito de uma doença estranha, que nada significa para quantos me conhecem de perto; Vinde; a todos, amizade e
saúde; Vou sentar-me; Dai-me vinho bem cheio; beber quero à saúde e à alegria dos presentes e à do nosso querido amigo Banquo, que não está conosco; Oh! se estivesse! A todos! Ao ausente! Tudo a todos!

TODOS - Com lealdade homenagem vos prestamos.
(Volta ao fantasma.)

MACBETH - Fora, fora de minha vista! Esconda-te a terra! Os ossos tens sem vida alguma; enregelado o sangue; Não tens vista nesses olhos que tanto resplandecem.

LADY MACBETH - Não vejais, nobres pares, em tudo isso senão algo habitual não é outra coisa. Apenas nos estraga a festa de hoje.

MACBETH - O que o homem ousa eu ouso; Tal qual híspido urso da Rússia vem para o meu lado,rinoceronte encouraçado, tigre da Hircânia; Assume qualquer forma, menos essa; nenhuma os nervos
firmes conseguirá abalar-me ou torna à vida e, de espada na mão, me lança um repto para um lugar deserto; Acontecendo que a tremer eu me mostre, de menino me acoima ou rapariga; Pavorosa sombra, fora daqui! Caricatura fingida, fora! fora!
(O fantasma desaparece.)
Bem, agora que sumiste, me sinto outra vez homem; Por obséquio, sentai-vos.

LADY MACBETH - Expulsastes a alegria, estragastes o convívio com esse desarranjo mais que insólito.

MACBETH - Podem dar-se tais coisas e envolver-nos como nuvem de Outono, sem que o espanto mais alto nos provoque? Assim, fazeis-me duvidar de mim próprio, quando vejo que encarais tais visões, sem
que das faces se vos altere o natural rosado, enquanto eu fico pálido de medo.

ROSS - Que visões, meu senhor?

LADY MACBETH - Não, por obséquio, não lhe faleis; Está piorando muito; As perguntas o deixam mais furioso; Boa noite para todos; A saída não vos preocupe a ordem; Ide logo, sem outras cerimônias.

LENNOX - Boa noite; muitas melhoras para Sua Alteza.

LADY MACBETH - Uma noite tranqüila para todos
(Saem os nobres e as pessoas do séqüito.)

MACBETH - Afirmam todos que isso chama sangue; o sangue chama sangue; As pedras podem mover-se, já foi visto, e falar a árvore; Os áugures e ocultas relações já conseguiram pela voz das gralhas, pegas e corvos descobrir os crimes de sangue mais ocultos; Em que ponto se encontra a noite?

LADY MACBETH - A competir com o dia, sem que se saiba qual vantagens tenha.

MACBETH - Que dizes de Macduff ter recusado nosso invite solene?

LADY MACBETH - Acaso enviastes-lhe, senhor, algum recado?

MACBETH - Casualmente soube disso; mas vou mandar-lhe um próprio; Não há ninguém em cuja casa eu deixe de ter algum espia; Amanhã mesmo, bem cedinho, vou ver as irmãs bruxas; Terão de falar mais
alguma coisa, pois estou decidido a saber tudo pelos piores meios; Para minha salvação tudo tem de abrir caminho a tal ponto atolado estou no sangue que, esteja onde estiver, tão imprudente será recuar como seguir à frente; Tenho em mente uma idéia pervertida, que urge concretizar numa investida.

LADY MACBETH - Careceis do que à vida é grato: sono.

MACBETH - Vamos dormir; minha ilusão selvagem é muito nova; falta-lhe coragem; Somos moços demais.
(Saem.)




"Macbeth", de William shakespeare

"La Partida", de Victor Jara.
Interpretação: Inti Illimani.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

FAMAS E CRONÓPIOS DE VIAGEM

Cuando los famas salen de viaje, sus costumbres al pernoctar en una ciudad son las siguientes: Un fama va al hotel y averigua cautelosamente los precios, la calidad de las sábanas y el color de las alfombras. El segundo se traslada a la comisaría y labra un acta declarando los muebles e inmuebles de los tres, así como el inventario del contenido de sus valijas. El tercer fama va al hospital y copia las listas de los médicos de guardia y sus especialidades.
   
Terminadas estas diligencias, los viajeros se reúnen en la plaza mayor de la ciudad, se comunican sus observaciones, y entran en el café a beber un aperitivo. Pero antes se toman de las manos y danzan en ronda. Esta danza recibe el nombre de "Alegría de los famas".
 
Cuando los cronopios van de viaje, encuentran los hoteles llenos, los trenes ya se han marchado, llueve a gritos, y los taxis no quieren llevarlos o les cobran precios altísimos. Los cronopios no se desaniman porque creen firmemente que estas cosas les ocurren a todos, y a la hora de dormir se dicen unos a otros: "La hermosa ciudad, la hermosísima ciudad". Y sueñan toda la noche que en la ciudad hay grandes fiestas y que ellos están invitados. Al otro día se levantan contentísimos, y así es como viajan los cronopios.
  
Las esperanzas, sedentarias, se dejan viajar por las cosas y los hombres, y son como las estatuas que hay que ir a verlas porque ellas ni se molestan.


"Sobre Cronópios e Famas", Júlio Cortazar

Texto enviado por Chico Cremonese.